É preciso materializar a sustentabilidade social e ambiental e desmaterializar as operações de produção nos locais onde ocorrem as extrações minerais
A indústria de mineração, assim como qualquer outra, depende do capital natural para ter acesso aos recursos materiais e estabelecer os seus fluxos econômicos, sociais e de geração de valor às partes interessadas, que por sua vez, desejam cada vez mais um negócio saudável, e sustentável ambiental e financeiramente, olhando as gerações futuras.
Os impactos atuais causados por mineradoras que ainda não tem uma gestão adequada de sustentabilidade, aceleram a perda de recursos naturais, ampliam as modificações do clima e acabam gerando um grande risco para a viabilidade de projetos de capital. É preciso aprender a enxergar o que é sustentabilidade do ponto de vista de geração de valor socioeconômico e não somente como gestão ambiental e de saúde e segurança, que atualmente refletem a maioria das práticas de gerenciamento destes temas e processos, mas que ainda não respondem satisfatoriamente às novas demandas globais de utilização e disponibilidade futura dos recursos naturais.
Dois instrumentos interessantes de conhecer são o Relatório Planeta Vivo do Fundo Mundial para Natureza (WWF) e o Relatório da Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), onde apontam que aproximadamente 75% da superfície da terra está modificada e que algo em torno de 66% dos oceanos sofrem impactos severos, onde mais de um milhão de espécies serão extintas neste século, somente em função das mudanças climáticas, salvo sejam tomadas medidas urgentes de contenção, paralização e reversão deste cenário atual.
Em alerta aos movimentos globais de sustentabilidade, as mineradoras reavaliam seus posicionamentos e suas relações com a natureza e começam a envolver toda a sua cadeia de valor, organizando e estruturando uma governança e uma nova gestão que cuida e fornece clareza sobre a exposição das operações a riscos, impactos e oportunidades de sustentabilidade, eliminando aplicações de recursos financeiros destrutivos em prol dos que restauram, protegem e geram valor aos seus clientes, acionistas e sociedades.
As mineradoras que saírem na frente das melhorias dos processos de governança e gestão integrada de sustentabilidade, terão certamente uma grande vantagem competitiva no mercado transoceânico de minérios, principalmente, EUA, China e Europa. É preciso que as empresas façam rapidamente sua materialização financeira de sustentabilidade, bem como a desmaterialização de recursos e materiais das suas operações de produção e distribuição, visando níveis satisfatórios de conformidade legal e normativa aos requisitos de sustentabilidade que estes mercados estão gradativa e rapidamente criando e implantando, só assim será possível manter os atuais fluxos de receitas dos contratos de fornecimento de produtos e serviços desta indústria, bem como a celebração de novos negócios, projetos e contratos futuros.
Um movimento importante que as mineradoras realmente comprometidas com a sustentabilidade começam a desenvolver e a aprender, é como agregar valor aos seus negócios envolvendo sua estrutura e organização financeira no que se refere à sustentabilidade. A estratégia é passar a defender o capital natural de maneira positiva e irrevogável. A uns dez anos atrás, quem avaliou e tratou isto em seu mapeamento de cenário, planejamento estratégico ou projeto de capital ? Com que prioridade ? Não são mais os governos que criam pressão sobre as empresas, pelo contrário, as empresas pressionam os governos para que isso seja obrigatório, dentro de condições e facilidades como políticas, tributação e outros que proporcionem investimentos amplos na pauta e agenda global de sustentabilidade, gerando ainda mais riqueza e qualidade de vida.
Inovação e melhoria das práticas e avaliações de projetos de mineração, visando o equilíbrio entre os sistemas econômicos, a utilização adequada dos recursos naturais e o atendimento às necessidades da sociedade hoje e no futuro, vão além dos atuais processos tradicionais de investimentos de capital em mineração, como: estudo de viabilidade técnica - EVTE, Estudos de Impacto Ambiental - EIA e as análises de riscos (análise preliminar de riscos - APR e estudos e perigos e operabilidade / Hazard and Operability Study - HAZOP), estas isoladas e não integradas já não atendem mais as necessidades de sustentabilidade futura. Além de novas leis, políticas e normas outras demandas sociais pressionam as mineradoras e indústrias de maneira geral em relação ao pleno atendimento aos requisitos de sustentabilidade global e local, relacionados às atividades de mineração.
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