A frequência, quantidade e severidade com que vem ocorrendo impactos climáticos negativos estão visíveis em todo o planeta. Está cada vez mais claro que mantendo os atuais modos de produção e de consumo, o futuro é insustentável e isto nos sinaliza que imaginar que a geração futura (filhos, netos e bisnetos) terá a mesma qualidade de vida que as pessoas mais privilegiadas (no momento) é um grande equívoco ético e social.
A concentração da riqueza para poucos é um fato e isto vem de um passado ultrapassado quando se observa os modos desequilibrados de consumos, as quantidades de desperdícios e o volume de resíduos que são gerados pelas atualmente. Observando o pano de fundo econômico destes fatores, fica fácil evidenciar que se a camada mais favorecida do planeta continuar a consumir os recursos naturais nos formatos e quantidades atuais, a consequência será ainda mais complexa, pois, no futuro, para esta mesma camada, dificilmente haverá mais recursos naturais como antes e para as camadas menos favorecidas, o impacto negativo na qualidade de vida de maneira geral é ainda mais severo, como o aumento da pobreza, da fome, da exclusão social, da doença, da guerra e muitos outros.
Os discursos e o marketing da sustentabilidade são poderosos e observamos que, mesmo entre os esforços que parecem estar de fato comprometidos com o futuro das pessoas, ainda existem setores nas indústrias que parecem não entender a seriedade das comorbidades ambientais e seus impactos negativos sociais. Se não invertermos esta realidade nas pequenas, médias e grandes organizações, teremos consequências muito negativas e ainda mais catastróficas.
Caminhamos rapidamente em direção a um colapso global muito mais duro do que imaginamos, mas como as pessoas que já perceberam e enxergaram isto estão trabalhando em suas estratégias de sustentabilidade ? Primeiramente é preciso que as pessoas entendam de fato como funcionam os serviços ambientais, quais os tipos de serviços que elas utilizam e como utilizam. A falta de conhecimento de maneira geral, retrata cada vez mais a falta de democracia ética e o desequilíbrio socioeconômico. Depois, entender o que e como desenvolver projetos de sustentabilidade com foco em uma economia mais solidária, consistente e geradora de riqueza, onde o valor cultural das pessoas inspira novos negócios com novas políticas e práticas colaborativas alavancando a economia circular e solidária.
Neste novo e possível formato valorizamos muito mais o esforço coletivo no lugar da acumulação privilegiada de riqueza individualizada e em geral de capital particular. Também privilegiamos ainda mais a igualdade social e o desenvolvimento local, a autogestão e o envolvimento de milhares de pessoas. É um caminho possível, mas não será fácil percorrer este caminho onde há muitos obstáculos cristalizados pelas antigas e atuais práticas da era dos fósseis.
EDUCAÇÃO Ambiental
Não há dúvida alguma que a educação ambiental é um fator alavancador para o futuro sustentável, pois sem as pessoas entenderem os fluxos e consumos de energia e de materiais em seus municipios, casas e indústrias, não acontecerão as mudanças necessárias.
Por exemplo, a falta de água de qualidade para o uso e consumo humano ainda é uma realidade em vários países e as pessoas que vivem esta realidade muitas vezes não tem ideia de quais são os motivos causadores deste sofrimento. Elas não tem idéia concreta do que podem e devem fazer para que isto não aconteça e muitas vezes não sabem quais caminhos, tecnologias, métodos e ferramentas adotar para mitigar tal situação.
As pessoas, de maneira geral, ainda não entenderam o porque do aumento do nível do mar em toda a terra, o aumento da frequência e do número de tufões e ciclones, da redução elevada do suprimento de água doce de qualidade, das diversas enchentes e inundações causadas pelas tempestades cada vez mais severas, fortes e constantes, da rapidez da desertificação de solos em diversos países e regiões, são apenas alguns fatos que temos testemunhado e vivenciado. Todas as pessoas precisam necessariamente de entender os reais motivos causadores destes impactos para que possam mudar seus hábitos de produção e consumo, dentro de casa, da comunidade e da indústria, em todo o planeta.
Instensificar a educação ambiental nas sociedades e indústrias parece ser uma estratégia interessante, poderosa e talvez única.
Economia CIRCULAR e SOLIDÁRIA
Aqui já temos um outro degrau de maturidade socioambiental e sustentável, onde a solidariedade econômica circular pode fazer a diferença para sobrevivência humana. Por exemplo, entender como gerar riqueza intensificando o uso de resíduos das indústrias e sociedades, como insumos para novos produtos e serviços é um caminho possível e interessante. Não é tarefa fácil, pois o reaproveitamento de resíduos de diversos produtos passa pela sua desconstrução física e química e tem um alto grau de complexidade para adaptações e melhorias de processos e operações, máquinas e pessoas que ainda produzem debaixo do guarda-chuvas da era mecanicista e de concentração de riqueza e do consumo dos recursos naturais.
Um bom cenário de oportunidades são os resíduos da indústria pesada, como a do aço por exemplo, que talvez seja uma das que mais apresentam potenciais de reaproveitamento dos seus resíduos em outros setores, como construção, saneamento básico, agronegócio. Até que os produtos do aço percorram todo o seu ciclo de vida, certamente podem servir de insumos e matéria prima para diversos outros setores e negócios.
Na outra ponta, também com excelentes oportunidades, estão as cooperativas, associações e entidades de classe, o setor de saúde e beleza, de alimentação, energia limpa e abastecimento de água doce de qualidade, todos relevantes para promover movimentos sustentáveis coletivos, integrados e transformadores.
A inclusão da educação ambiental e da economia solidária circular nas pautas de discussão das estratégias das indústrias e sociedades, estão se transformando em projetos de capital viáveis, poderosos e estruturantes para os novos formatos de geração de valor.
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